“Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que O amam, dos que foram chamados de acordo com o Seu propósito. [...] Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.”
Romanos 8:28,38-39
O famoso poema de
Carlos Drummond de Andrade ainda retine em nossas vidas:
No meio do
caminho tinha uma pedra
tinha uma
pedra no meio do caminho
tinha uma
pedra
no meio do
caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei
desse acontecimento
na vida de minhas
retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que
no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio
do caminho
no meio do caminho
tinha uma pedra. [1]
E a curiosidade
também retine: O que será que Drummond fez com a pedra em seu caminho?
Pergunta
aparentemente tola, certamente, mas propícia, se considerando nossa maneira de
lidar com pedras no meio dos nossos caminhos.
O que devemos fazer
com as elas?
A partir do que outras pessoas fizeram, a Bíblia
dá sugestões interessantes. Interessantes, preciosas e poderosas.
Nas mãos de Moisés, a pedra virou um banquinho
em que ele sentou-se em meio à luta, como parte de uma estratégia sobrenatural
para vencê-la (Êxodo 17:8-13).
Jacó a usou a pedra em seu caminho como
travesseiro, sobre o qual apoiou sua cabeça, descansou e sonhou. Sonhou com o
Céu, com anjos subindo e descendo por uma escada. E fortaleceu ainda mais a sua
fé (Gênesis 28:10-19).
Josué fez das suas pedras um memorial, para
lembrar – e ajudar as próximas gerações a se lembrarem também – da grandeza e
da bondade do seu Senhor (Josué 3:5-17 e 4:12-9).
Samuel, em reconhecimento da graça imerecida
que Deus derrama sobre nós, ergueu a sua pedra e expôs sua gratidão ao Senhor
publicamente (1Samuel 7.12).
Para os conhecidos que removeram a pedra do
túmulo de Lázaro, a pedra no caminho foi a oportunidade de servir a um defunto e
abrir-lhe a passagem da morte para a vida (João 11:39-45).
A Bíblia conta também que a Pedra de Esquina, a
pedra estrutural, o fundamento, a principal coluna de sustentação, é o Senhor
Jesus. A Pedra, aqui, não foi usada por uma pessoa. Foi a própria Pessoa
firmando no mundo a Sua vida como o marco fundamental das nossas (1Pedro
2:6-7).
Agora (comece a saltar de alegria), veja o que
a Bíblia diz sobre nós mesmos: “À medida que se aproximam Dele, a Pedra Viva –
rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para Ele – vocês
também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa
espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais
aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo” (1Pedro 2:4-5).
Uma ferramenta estratégica para vencer nossas
batalhas.
Um apoio para descansarmos e exercitarmos a fé.
Um grande memorial da grandeza e bondade do
Senhor.
Um referencial de gratidão ao Deus que tem
cuidado bem de nós.
A presença do próprio Deus no meio de nós.
Nossas vidas em comunhão com Ele e
apresentando-O ao mundo.
Nosso serviço em favor dos mortos espirituais do
mundo.
Quantos motivos extraordinários pelos quais foram postas tantas
pedras em nossos caminhos!...
Talvez a pedra no caminho de Drummond fosse os seus
problemas de saúde. Talvez fosse o trauma da expulsão de um dos colégios em que
estudou. Talvez fosse a morte de sua esposa ou a culpa do seu relacionamento
extraconjugal, que durou 35 anos.
Não sabemos. Qualquer afirmativa acerca disso é
mera especulação.
Mas de uma coisa sabemos: o verbo acerca da pedra
no caminho do poeta está no passado. “Tinha” uma pedra, não tem mais. O obstáculo foi
deixado para trás.
Muitas são as interpretações acerca deste
poema, e eu realmente ainda não sei exatamente o que era ou o que Drummond fez para
que “sua pedra” deixasse de estar lá. Mas nós já sabemos o que podemos fazer
com as nossas.
Pois o que é inicialmente uma pedra de tropeço
em nossos caminhos, na história de um homem com Deus torna-se uma ferramenta,
uma oportunidade, uma motivação.
[1]
No meio do caminho. Carlos Drummond de Andrade. In Memória
Viva.
Parabéns! Adorei o texto!
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